(Você pode ler ao som de Stay With Me)
Você chegou sem aviso prévio e sem prazo de validade. Acho que a sua beleza foi à primeira coisa que me chamou atenção e eu não to falando de beleza física e, sim da maneira como você era solicita com qualquer pedido vindo de estranhos, da maneira como você se inclina na mesa para produzir mapas que só você consegue entender, de como você sorri pra mim, o que me faz jurar que não existe algo tão sincero assim na vida, até a maneira que você mexe no nariz quando está numa daquelas crises de sinusite se torna algo apreciável; algo só seu, códigos Morse que consigo decifrar sem ajuda de tradutores online ou um professor pastelão.
É, sou parado na sua, garota. Passo parte do meu dia pensando em assuntos dos quais você se interesse, o que é engraçado, por que quando finalmente encontro tempo para falar contigo, todas aquelas coisas que passei horas confabulando acabam que sofrendo apoptose, morte programada sabe? Você diz “e ai” e eu digo “e ai” e depois nem sei mais o que dizer, embora meu cérebro esteja gritando tantas coisas loucas! Então quando sei que nada irá sair da minha boca, saio pela tangente e me condeno por que deveria ser desta vez.
Pergunto-me se você sabe que o que sinto por você vai muito além de amizade e saídas ao cinema acompanhado de outras mil pessoas das quais me impedirão de sentar ao teu lado e imaginar inúmeras maneiras de dizer que eu quero você, melhor: que eu quero cuidar de você! Falho uma, duas, três vezes. Por quê? Bem, às vezes penso que talvez eu não seja o seu cara, que você merece coisas melhores, uma pessoa melhor. Outras vezes imagino que somos uma versão realista de Eduardo e Mônica, aquela música do Legião Urbana, lembra? É verdade. Você frequenta festas incríveis e eu frequento o clube do livro; você conhece um milhão de pessoas e eu um por cento delas; você vai à academia e eu fico fazendo promessas de um dia fazer a matricula numa qualquer por que frequentar as aulas já é outra conversa; você dirige o próprio carro e eu fico no ponto de ônibus esperando a próxima parada; você é mais velha e eu, obviamente, mais novo... Mas quem disse que eu me importo, quero saber é se você se importa, meu bem.
Acho amor platônico uma coisa da porra. Quantas pessoas no mundo estão passando o mesmo que eu? Mas eu não quero estar aqui, quero estar do outro lado do muro segurando a sua mão e fazendo promessas de um futuro incrível pra nós dois. Então diga que estou errado, diga que sente ao menos uma faísca do que sinto quando estou ao seu lado por que depois eu faço com que a fogueira pegue fogo. Diga que eu posso dizer que estou disposto a te amar sem nenhum tipo de cobrança. Você poderia, sei lá, fazer algum sinal de fumaça, um sinal bem visível de preferência. Sei que vocês gostam de atitudes, mas, como eu disse, eu me desarmo diante de você, é como se eu desaprendesse a falar. Mas se você me dê algum indício que, a partir do momento em que eu te disser o que sinto não haverá estranhamento entre a gente, então tudo bem, por que tenho a sensação de que posso perder tudo nessa vida, exceto você e acredite: eu te aceito na minha vida da maneira que for, só não dá pra ficar longe de você. Do seu sorriso.
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