APENAS SINTA... ERA O QUE EU QUERIA DIZER



(Você pode ler ao som de Never Say Never)


Era ela. Eu queria poder dizer que foi amor à primeira vista, que a encontrei tomando sorvete na praia numa tarde quente de verão. Mas não foi. Ela chegou de mansinho no meio de uma conversa monopolizando minha teoria do caos com a sua inteligência ciborgue. Eu poderia ter odiado-a, ao invés disso acabei que me encantando com a sua inteligência, com o tom suave de sua voz. Lembro-me que estávamos numa roda de amigos e apoiei o meu queixo no punho serrado para ouvi-la contradizer minhas palavras. No fim tive de concordar.

E depois vieram mais conversas. Mensagens trocadas em madrugadas quentes. Piadas que só a gente conseguia entender. Então pensei que era ela. A garota da minha vida. Sim, eu tinha encontrado. Queria poder dizer como cheguei a tal conclusão, se ao menos existisse. O que sei é que eu adorava o sorriso dela, a maneira como conseguia iluminar o meu mundo com um sorriso tão sacana, tão dela... tão meu. Eu amava a maneira como me lançava piscadelas quando conversávamos e de quando tínhamos gastado todo nosso latim, o jeito como ela me empurrava com os ombros era mágico. Mágico de verdade, sabe.


Sempre me perguntei se ela sentia o que eu sentia. Se ela conseguia ouvir, quem sabe até sentir, o descompasso do meu coração que nem a mais avançada eletrofisiologia poderia conseguir medir, por que quando os lábios dela alcançaram os meus pela primeira vez eu soube que, se não fosse essa garota, então não seria ninguém.  Foi por ela que acreditei em destino ou em qualquer coisa que só possa existir num filme bem clichê sobre amor.

Num dia qualquer, quando desenhei com os dedos algumas pequenas e adoráveis sarnas no seu ombro, logo depois que o silêncio se instalou, eu disse que a amava. Ela olhou pra mim como se eu tivesse pego-a de surpresa ou tivesse de gozação e quando ela chegou na linha tênue da verdade e descobriu que não era um blefe, principalmente por que não parei de morder o lábio inferior – meu sinal claro de nervosismo que ela bem conhecia -, tudo o que ela fez foi concordar com a cabeça e sorrir.

Eu queria poder te dizer que esperava um “eu te amo” como resposta, ou até mesmo um “eu também”, só que não, por que finalmente ela sabia. Talvez você me considere masoquista, mas não me importei se de repente ela estava brincando com os meus sentimentos, ou se sei lá, eu estava depositando expectativa demais numa pessoa só; não me importa ser aquele que tem o coração partido, que ama sozinho ou pelos dois, por que eu queria ser o cara que a amou com tudo o que eu tinha, assim, simplesmente por amá-la sem nenhuma moeda de troca.  

Vinte e dois segundos depois ela disse “eu o amo mais” e quando me faltaram palavras, apenas sorrir e compreendi o que ela sentiu, o que eu senti, por que as vezes não é preciso dizer, apenas sentir.


Então sinta. Era só o que eu queria dizer. 

CONVERSATION

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